Reportagem para o jornal LABIUM - UFAL

quarta-feira, 13 de abril de 2016




Sites de financiamento coletivo ganham força no Brasil
Plataformas mobilizam a comunidade virtual em torno de iniciativas que precisam de recursos para sair do papel.

Por Renata Bello

O crowdfunding, conhecido no Brasil como financiamento coletivo, é uma prática que vem ganhando força na internet. Através de sites específicos, o empreendedor apresenta sua criação ao público e expõe qual  valor  necessário para a execução do seu trabalho. O objetivo é conseguir a contribuição de pessoas para viabilizá-lo financeiramente dentro do prazo estipulado.
A iniciativa começou no exterior com o site Kickstarter, fundado em 2009 por três sócios que queriam ajudar propostas criativas dos mais diversos segmentos a ganharem vida. Segundo o próprio site, em março deste ano foi atingida a marca de 1 bilhão de dólares arrecadados desde seu lançamento e 6 milhões de colaboradores para mais de 130 mil propostas ligadas à plataforma.
No Brasil há diversos sites que possibilitam que o empreendedor publique seu projeto e tente captar os recursos necessários. Inicialmente não há custo algum, mas caso a ideia seja bem-sucedida, o site fica, em geral, com uma comissão entre 5% e 7% do valor arrecadado. Se a meta não for atingida os investidores recebem o dinheiro de volta.
Alagoas também tem ganhado adeptos dessa prática. A banda de pop/rock $ifrão é uma das que apostaram nessa iniciativa e obtiveram sucesso. Através do site Catarse a banda conseguiu arrecadar 5 mil reais para a gravação de um video clipe. “Apostamos nisso e só foi possível se concretizar com a colaboração de amigos e pessoas que se identificam com o nosso trabalho”, conta o vocalista da banda, Marcos Bruno. Para ele, há dois fatores que podem determinar o sucesso de uma campanha como essa. “Se você tem o público já formado fica mais fácil, foi o que aconteceu com a gente. Por outro lado se você tem apenas uma boa ideia, ela pode naturalmente ganhar força pelas redes sociais e se concretizar”, completa.
Conforme o estudo Retrato do Financiamento Coletivo no Brasil desenvolvido em 2013 pela Chorus, empresa de pesquisa com foco em projetos ligados à cultura e sociedade, as propostas que mais despertam interesse das pessoas são aqueles ligados a atividades artísticas independentes. Elas contam com 52% da preferência dos entrevistados. Em segundo lugar estão aqueles de caráter ambiental e social, preferência de 41% dos entrevistados. O empreendedorismo ligado a novos produtos e iniciativas  aparecem em terceiro lugar com 24%.
Acostumado a produzir shows através do site Queremos, plataforma que busca conectar fãs com produtores musicais, o produtor musical alagoano Marcelo Melo acredita que o engajamento do público é fundamental. “Para tentar realizar esses shows, sempre consulto o público nas redes sociais e procuro ficar atento ao que eles querem. Um fã engajado compra a ideia e ajudar espontaneamente com a divulgação. Eu apenas a lanço, o mérito é todo deles”, afirma.
São diversos segmentos que já recorrem a essas plataformas para produzir seus ideais. No primeiro semestre de 2014 a banda Dead Fish bateu o recorde de maior financimento coletivo no Brasil. O objetivo inicial era arrecadar 60 mil reais para produção de um disco de vinil em comemoração aos 20 anos de banda. O número foi superado, recebendo mais de 200 mil reais através de 2600 apoiadores em 45 dias de arrecadação. No segmento social, as incursões dos grupos Expedicionários da Saúde e S.A.S. Brasil também são casos de sucesso. Em abril, graças aos R$ 34 mil coletados, a equipe de voluntários levou atendimento cirúrgico à população indígena do Parque do Xingu, no Norte do Mato Grosso. 
Como forma de incentivo é oferecido recompensas os colaboradores, que varia a depender do valor da contribuição. Para Diego Reeberg, um dos fundadores do Catarse – o primeiro do segmento no Brasil –  em entrevista ao site Sebrae Pequenos Negócios e Finanças, oferecer boas recompensas à  quem colaborar deixa a a campanha mais atrativa. “As recompensas oferecidas dependem do tipo de projeto e se alternam entre agradecimentos nas redes  sociais, comprovação de resultados, como DVDs e CDs, e até faixas de preço especiais para patrocinadores. Elas são importantes para o site não ficar martelado como de doação e sim de troca de valores. Muitas vezes são trocas simbólicas”, ressalta.
Não basta apenas doar, é preciso ficar atento a prestação de contas do projeto. É o que acredita o  estudante de designer gráfico e colaborador Ragner Leite, “Acho importante também fazer o papel de fiscal e ficar de olho nos prazos que estipulam para cumprir sua proposta. Já contribuí para causas diversas, de negócios ambientais até lançamentos de CD, fico honrado de ter meu nome nas causas que acredito”,  conta.
Segundo a agência americana de pesquisa Massolution, em 2013 esse mercado movimentou mais de 5 bilhões de dólares. A estimativa é que em 2025, em todo o mundo, esse tipo de investimento chegue a 90 bilhões de dólares, conforme projeção do Banco Mundial. No Brasil, os sites Catarse, Benfeitoria e Juntos, que formam a maior parte do mercado, somam quase 21 milhões de reais e mais de 1.300 ações.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
FREE BLOGGER TEMPLATE BY DESIGNER BLOGS