Reportagem para o Jornal Labium- UFAL

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016


Cursos de Comunicação Social serão reestruturados
A medida visa atender a exigências do Ministério da Educação

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) anunciou a distinção dos cursos de Comunicação Social, até então habilitados em Jornalismo e Relações Públicas. A medida visa atender as novas diretrizes curriculares exigidas pelo Ministério da Educação (MEC) e deve entrar vigor no próximo ano.

A separação acontece em um momento de reformulações na Comunicação Social da Ufal (COS). O Jornalismo, por exemplo, está sendo reavaliado pelo MEC. De acordo com o ultimo Relatório de Avaliação feito em 2011, o curso recebeu conceito 3. Apesar de ser considerado satisfatório ainda indica a necessidade de melhorias. A avaliação segue uma série de critérios estabelecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC) que atribui um conceito que vai de 0 a 5. Já o curso de Relações Públicas, que não está sob avaliação, enviou documentação para renovação de seu registro junto ao Minsitério da Educação (MEC). 
A série de mudanças que está em vigor começou pela atualização da grade curricular, tanto de Jornalismo como de Relações Públicas. O que já vem desde 2012 sendo discutido e elaborado pelo Colegiado do Curso e aguardado por muitos estudantes. “Espero a mudança da grade ansiosamente. A grade que temos no COS é muito atrasada em relação às de outras universidades do país, principalmente na distribuição de disciplinas básicas. Elas são importantes, mas muitos alunos desistem dos cursos no início porque passam o ano inteiro estudando e não vêem nada de específico da área”, alerta a graduanda em jornalismo Micaelle de Morais.
A maior mudança será a divisão das graduações, uma exigência das novas diretrizes curriculares do Ministério da Educação, que obrigou as universidades de todo o país a extinguir as habilitações e constituírem cursos separados. Na visão da professora Andrea Albuquerque, que esteve a frente da coordenação do COS até o último semestre, essa separação será benéfica a toda comunidade acadêmica. “Estamos nos esforçando para que esta nova forma de trabalhar seja um contributo à harmonia e ao fortalecimento de ambos que formarão uma única faculdade, de Comunicação. Há perspectivas de incorporar novos projetos como a da Pós Stricto Sensu, a constituição de uma Unidade Acadêmica autônoma e quem sabe com novos cursos no futuro, como o de Publicidade e Propaganda, por exemplo”, afirma a professora.
Para a professora e assessora de comunicação do COS, Manuella Callou é importante salientar que mesmo com cada um lutando por seus trabalhos e especificidades, eles devem continuar pensando em conjunto para trazer melhorias a um futuro Instituto de Comunicação a ser formado.
Ainda de acordo com a professora, a graduação de Relações Públicas (RP) necessita de um quadro maior de professores e com essa separação isso tende a melhorar. “O curso de Relações Públicas poderá contar com mais professores, o COS tem uma defasagem muito grande de profissionais de RP, conta apenas com dez professores na área. Uma está de licença e dois professores estão fazendo doutorado, com carga horária reduzida”, aponta a professora.
Alguns estudantes se entusiasmaram com a independência que cada curso terá. Para o aluno do 3º período de Relações Públicas Rodolfo Felipe, essa separação só tem a acrescentar ao universo acadêmico. “Além de receber as verbas separadamente, cada curso poderá ter maior autonomia para administrar os seus bens e recursos”, afirma o estudante.
Se algus esperam que a separação traga melhorias, outros acreditam que isso pode acarretar em prejuízdo para ambos os cursos. A preocupação de professores e alunos que são contrário a essa divisão é por acreditar que a integração dos cursos é fundamental para humanizar a área e a profissão. “O que me parece é que se tenta transformar cada vez mais os Cursos de Comunicação em algo técnico, feito exclusivamente para o mercado, longe das ciências humanas, lutas e movimentos sociais. Acredito que não há benefício para quem quer uma formação humana e diferenciada; fragmentar só prioriza uma comunicação técnica, sem muito pensar e questionar”, alerta a estudante do 8º período de jornalismo, Niara Aureliano.
A falta de estrutura que os estudantes encontram hoje também é motivo de preocupação. Segundo a estudante de Relações Publicas Shade Andréa com a separação isso poderá agravar-se. “O COS não está segurando as pontas com dois cursos juntos, imagina agora com cada curso lutando pelo seu. Acho um enorme retrocesso essa divisão”, desabafa.
Na avaliação do professor de Relações Públicas José Guibson a separação acarreta em um retrocesso. “Particularmente acho isso um retrocesso, vivemos na era da comunicação integrada há vários anos, com comunicólogos com formação híbrida atuando entre os vários campos da comunicação”, analisa. Ainda de acordo com ele, para essa mudança será preciso ter cuidado para não gerar conflitos internos entre os cursos. “Se a separação instigar uma rivalidade entre Relações Públicas e Jornalismo, vamos presenciar uma catástrofe em termos acadêmicos e administrativos. Acredito que quem trabalha continuará trabalhando. O mesmo se aplica aos colegas que enxergam a atividade docente apenas como porteiro de sala de aula”, afirma.
No próximo dia dia 29 ocorrerá a eleição para os dois novos colegiados. Serão formados dois times de docentes, técnicos e representantes estudantis para cuidar dos aspectos identitários, pedagógicos e administrativos específicos de cada curso. 


Atualmente o Curso de Comunicação Social possui 678 alunos, 28 professores, sete técnicos e nove bolsistas. É vinculado ao Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA) e tem duas habilitações, Jornalismo e Relações públicas, ofertadas nos períodos vespertino e noturno.

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